Confira essas dicas da Safra Viva para o melhor manejo no cultivo de alface. Fique por dentro de tudo que pode trazer resultados acima da média na sua lavoura.
Neste conteúdo, você terá acesso aos temas:
Como fazer a formação de mudas de alface
Cuidados com o local de cultivo
- Escolha bem a área de plantio
- Dicas de higiene na propriedade
- Separação do lixo
- Guarde bem seus equipamentos
Como melhorar a qualidade da alface
- Como preparar o solo
- Qual o melhor adubo para alface?
- Fique atento à qualidade da água
- Cuide do seu sistema de irrigação
- Fertilizante no cultivo de alface
- Escolha o defensivo agrícola adequado
Doenças que impactam a produtividade
Cultivo de alface no Brasil
A alface é a verdura mais consumida no mundo. E no Brasil não é diferente. Aqui, a alface é a rainha das verduras e corresponde a 11,7% da produção de hortaliças.
Segundo o IBGE, a produção brasileira em 2006 (dado mais recente) foi de 576.338 toneladas. São Paulo e Rio de Janeiro são os maiores produtores de alface no Brasil. São Paulo tem uma produção correspondente a cerca de 37% e o Rio de Janeiro, cerca de 25%.
Sua horta fica bem pertinho da cidade, não é? O modelo brasileiro de produção de alface é o chamado cinturão-verde, ou seja, a produção concentra-se em propriedades próximas aos centros urbanos. Esse modelo favorece a logística e garante alface fresquinha na mesa dos consumidores.
Variedades de alface
Você tem alface crespa na sua horta? Sabemos que a resposta é “sim”! A alface crespa corresponde a 70% do mercado. No entanto, as lanchonetes, especialmente as redes de fast food, preferem a alface americana.
Mas existem muitas variedades de cultivares. E diversificar a produção de alface pode ser o seu diferencial! Tire suas dúvidas sobre os principais grupos de alfaces comercializadas no Brasil: alface crespa, alface lisa, alface mimosa, alface romana, alface repolhuda lisa e alface americana:
Alface crespa
A queridinha dos brasileiros tem lá a sua razão de ser: possui um tempo pós-colheita maior, sendo, portanto, a mais resistente e a mais durável. Como o próprio nome diz, as folhas são crespas. Sua textura é macia e consistente, podendo ter coloração verde ou roxa. São soltas e não formam cabeças.
As principais cultivares de alface crespa são: Black Seeded Simpson, Brisa, Elba, Grand Rapids, Grand Rapids Nacional, Grand Rapids TBR, Grande Rápida, Hortência, Itapuã 401, Marianne, Marisa AG 216, Salad Bowl, Simpson, Vanessa, Verônica eVera (AF-470).
As principais cultivares de alface crespa roxa são: Lila, Maravilha Quatro Estações, Quatro Estações, Rossimo, Veneza Roxa e Vermelha Ruby.
Alface lisa
Embora tenha perdido um pouco o seu mercado, a alface lisa ainda é muito consumida por aqui. Está na mesa dos brasileiros desde a década de 60. Suas folhas são lisas, soltas e macias, sem formação de cabeça.
Suas principais cultivares são: Babá, Babá de Verão, Monalisa AG 819, Regina, Regina 71, Regina 440, Regina 579, Regina de Verão e Vitória de Verão.
Alface mimosa
A alface mimosa tem as folhas delicadas e recortadas. Por essa característica, também é chamada de alface pé de galinha. Ela tem variações mais exóticas de cores, variando do vermelho ao roxo, e vem conquistando o mercado cada vez mais por conta dessa coloração, que indica a presença de antocianina, um poderoso antioxidante.
As principais cultivares de alface mimosa são: Lavínia e Mimosa Salad Bowl.
As principais cultivares de alface mimosa roxa são: Mila, Roxame, Salad Bowl Roxa e Rubi.
Alface romana
A alface romana possui folhas longas, duras e com nervuras aparentes. Formam cabeça fofa na forma de cone.
As principais cultivares de alface romana são: Branca de Paris, Gallega, Ideal Cos e Romana Balão.
Alface repolhuda lisa
A alface repolhuda lisa ou alface repolhuda manteiga têm folhas lisas e macias, com nervuras pouco aparentes e textura oleosa (daí o nome “alface manteiga”). Formam cabeças compactas.
As principais cultivares de alface repolhuda lisa são: Áurea, Aurélia, Aurora, Babá de Verão, Boston Branca, Brasil 202, Brasil 303, Carla, Carolina AG 576, Crioula Branca, Elisa, Floresta, Glória, Kagraner de Verão, Karina, Lívia, Luisa, Marina, Maravilha de Inverno, Maravilha de Verão, Minie, Piracicaba 65 e Rainha de Maio.
Alface americana
Como dito anteriormente, a alface repolhuda crespa, mais conhecida como alface americana, é a alface preferida dos fast foods, com consumo cada vez maior no Brasil. Suas folhas são crespas, consistentes e crocantes. Formam cabeças grandes e compactas.
As principais cultivares da alface americana são: América Delícia, Bounty Empire, Crespa Repolhuda, Grandes Lagos, Great Lakes, Great Lakes 659-700, Hanson, Iara, Lorca, Lucy Brown, Madona AG 605, Mesa 659, Nabuco, Raider, Salinas, Summertime e Tainá.
Como fazer a formação de mudas de alface
Você já escolheu as cultivares de alface. E agora? Sabe como fazer a formação de mudas?
A formação de mudas é muito importante para obter alface sadia e farta. Essas mudas serão transplantadas e darão origem ao seu produto final. Ou seja, é hora de caprichar!
Mas fique tranquilo! A Safra Viva vai te dar as mais valiosas dicas de como fazer mudas de alface de sucesso.
Semeadura
A primeira dica é: utilize bandejas. Feitas de isopor ou polietileno, as bandejas são os recipientes mais práticos e baratos para a formação de mudas de alface.
Use bandejas de 288 ou 400 células. Coloque o substrato, que é um material com fontes orgânicas e minerais, para o crescimento das plantas.
Faça a semeadura no centro da célula, na profundidade de 0.5 cm. Em seguida, cubra com uma camada do próprio substrato e com uma camada fina de vermiculita. A vermiculita é um mineral super leve, que parece um pó. Ela ajuda a reter água, mantendo o substrato úmido por mais tempo.
A segunda dica é: use sementes peletizadas. As sementes peletizadas são aquelas revestidas com material seco, aumentando sua massa. Dessa forma, o manuseio e a distribuição ficam mais fáceis.
Embora as sementes nuas custem menos, as sementes peletizadas compensam porque reduzem o tempo gasto com o semeio.
A terceira dica para uma boa semeadura é: não descuide da irrigação! Empilhe as bandejas em um local com sombra e regue de duas a três vezes ao dia, com um regador de bico fino.
Mas não exagere! O excesso de água pode ocasionar o aparecimento de doença e a perda de nutrientes. Faça o seguinte: irrigue as bandejas até começar a pingar água das células. Assim você saberá a hora de parar.
Estufas
Outra dica importante: coloque as bandejas em uma estufa. Assim que iniciar o processo de germinação, transfira as bandejas para uma estufa coberta com plástico e com telado antiafídeo, para evitar a entrada de pulgões e outros insetos transmissores de viroses.
Disponha as bandejas em suportes nivelados à altura de 0.08 a 1m do solo, facilitando o manejo.
Mantenha a estufa de produção de mudas de alface livre de plantas invasoras, pois elas podem ser hospedeiras de insetos transmissores de doenças.
É muito comum o aparecimento do míldio na formação das mudas. Fique atento, pois o controle deve ser feito logo nos primeiros sintomas. Veja mais em como acabar com o míldio da alface.
Como evitar a queima dos brotos de alface
A queima dos brotos também é um problema comum na fase de formação de mudas de alface.
Para evitar a queima dos brotos, faça uma pulverização com nitrato de cálcio (0.5%) dez dias após a germinação. E repita após uma semana. Essa receita também vai fazer com que as mudas de alface fiquem mais resistentes.
Transplantio
Pronto! Você escolheu as melhores sementes, fez o plantio, irrigou de forma adequada e cuidou muito bem das estufas. Agora tem uma série de mudas de alface viçosas e verdinhas.
Ótimo trabalho! Então vamos te mostrar como realizar o transplantio das mudas de alface da melhor maneira possível. Essa fase deve ser realizada com todo o cuidado, pois o trabalho da formação de mudas não pode ser perdido.
Sabe quando fazer o transplantio das mudas de alface? Quando as mudas estiverem com 20 a 25 dias após a semeadura, ou quando tiverem entre quatro a cinco folhas definitivas.
E a melhor hora do dia para fazer o transplantio é quando a temperatura estiver mais fria. O solo deve estar úmido, de maneira que a terra cubra apenas o torrão formado pelo substrato.
No caso de plantio na modalidade de mulching, o transplantio da muda de alface deve ser feito direto no canteiro, antes da colocação do mulching.
Cuidados com o local de cultivo
Se você quer produzir alface de qualidade, precisa cuidar de todos os detalhes de sua propriedade. É importante estar atento ao ambiente para que o processo de produção, colheita e embalagem sejam feitos dentro dos melhores padrões de higiene, garantindo bons produtos e, claro, bons lucros.
As medidas a serem tomadas são fáceis de serem aplicadas no dia a dia e necessitam de pouco investimento. Entretanto, elas certamente levam a uma alta produtividade. Evitar a contaminação do solo e das hortaliças significa não ter prejuízos na produção.
Confira essas dicas que a Safra Viva preparou. Fique bem informado sobre boas práticas no cultivo da alface.
Escolha bem a área de plantio
Listamos os principais cuidados que se deve ter na hora de escolher o local para o plantio. Estas dicas simples vão te ajudar a fazer o melhor planejamento e são o primeiro passo para uma horta de sucesso:
- Verifique o histórico do local a ser utilizado e das cercanias quanto ao tipo de cultura, uso de produtos químicos e criação de animais. É importante que você conheça bem o histórico do solo onde vai plantar. Temos outras dicas em como preparar o solo;
- Evite plantar em região onde ocorrem enchentes. A água da enchente pode estar poluída e trazer esgoto ou produtos tóxicos para a sua horta;
- Limpe bem a área a ser plantada e remova as ervas daninhas, para que elas não atrapalhem o crescimento das hortaliças;
- Certifique-se de que os animais estejam em locais sem acesso à área de plantio. Isso vai manter a horta segura e livre de fezes de animais;
- Mantenha os animais longe da área de armazenamento de fertilizantes e defensivos agrícolas. Além de fazer com que o local esteja limpo e evitar a contaminação do depósito, essa medida também é importante para preservar a saúde de seus animais.
Dicas de higiene na propriedade
Produtor, manter a higiene na propriedade pode parecer banal, mas é imprescindível para o sucesso nos seus negócios.
Dicas simples vão fazer cada coisa ficar em seu lugar, mantendo tudo limpo. Essas medidas vão te dar credibilidade e evitar dor de cabeça com doenças na lavoura.
Cuide para que haja instalações sanitárias próximas à área de produção, para que o trabalhador tenha acesso rápido para fazer a higiene pessoal.
Os banheiros devem estar ligados à fossa séptica e seu interior deve conter água limpa, papel higiênico, toalha de papel, lixeira e sabão líquido.
O trabalhador deve cuidar da sua saúde e estar sempre asseado. Ele não pode fumar, beber, tossir ou cuspir próximo às hortaliças. Cuidar da saúde de quem planta e consome é o que faz tudo valer a pena.
Separação do lixo
Faça o recolhimento de lixo separadamente, em lixeiras com tampas. Separe o lixo por tipo: orgânico, reciclável e substâncias perigosas.
O lixo orgânico pode ser utilizado para compostagem.
Não queime o lixo. Essa prática causa contaminação do meio ambiente, problemas respiratórios no trabalhador e ainda pode provocar incêndios na sua plantação.
Guarde bem seus equipamentos
Deixe cada coisa em seu lugar. Os materiais e utensílios utilizados na produção de alface, como caixas, ferramentas e máquinas, devem ser armazenados em um depósito ventilado e iluminado. A limpeza e organização são importantes para que tudo seja encontrado rapidamente e você não perca tempo, nem dinheiro.
Como melhorar a qualidade da alface
Atingir uma melhor qualidade na produção de alface significa obter maiores lucros e manter uma horta sustentável.
Não adianta nada ter as melhores sementes e mudas se você não cuidar bem do plantio. Fique atento: alface saudável e vistosa depende de um bom solo, de água potável e de irrigação bem feita.
Uma horta de sucesso precisa ainda do melhor fertilizante e do defensivo agrícola mais apropriado.
Como preparar o solo
O primeiro passo para obter um solo adequado é fazer a análise do solo. Ela é importante para descobrir a quantidade existente de nutrientes, de matéria orgânica, o nível de acidez do solo e também a sua textura. Esses dados coletados vão te ajudar a escolher o melhor fertilizante, fazer a correção do solo e a adubação do plantio.
A análise deve ser feita a cada dois anos por um órgão de extensão rural (Emater, por exemplo) ou por um profissional especializado.
O segundo passo é o preparo do solo. Ele é feito com a limpeza da área, aração, gradagem e levantamento dos canteiros, sempre considerando o sentido do nível do terreno, para evitar erosões. É importante ainda nesse momento realizar a correção do solo, com base na orientação do profissional que fez a análise.
A descompactação do solo também é relevante nessa etapa e deve ser refeita a cada dois anos.
Qual o melhor adubo para alface?
O terceiro e último passo é a adubação do solo, com a aplicação de adubos orgânicos e minerais.
A alface responde bem à adubação orgânica. É recomendado o esterco de galinha, que é rico em nutrientes e não contamina o solo com sementes de plantas invasoras. O adubo deve estar bem curtido e a dosagem, em geral, é de 10 toneladas por hectare.
A necessidade de adubação mineral também é indicada em solos com baixa fertilidade. Veja mais em fertilizante no cultivo de alface
Fique atento à qualidade da água
Uma horta bonita depende da boa qualidade da água. No cultivo da alface, geralmente a água é aspergida diretamente nas folhas, além de ser usada em todas as fases de produção.
Lembre-se que água contaminada é fonte de doenças. Traz risco à saúde e prejuízo para o bolso. Por isso, cuide para que a água esteja livre de contaminantes químicos e biológicos. Faça a análise técnica da água utilizada em sua propriedade.
Mas não adianta receber água limpa se ela ficar armazenada em local sujo. Realize a limpeza da cisterna e da caixa d’água pelo menos duas vezes ao ano.
Cuide do seu sistema de irrigação
Tão importante quanto à qualidade é o uso eficiente da água. Horta vistosa depende de um bom sistema de irrigação, que não cause estresse hídrico, ou seja, que não faça as hortaliças receberem pouca e nem muita água. Ninguém quer colher alface mirrada, não é mesmo? E nem correr o risco de ver as raízes apodrecerem.
Então fique de olho e melhore sua produção economizando água. O melhor sistema de irrigação para a alface depende de fatores econômicos e viabilidade técnica. Os métodos de irrigação para alface mais utilizados são o sistema de irrigação por aspersão e o sistema de irrigação por gotejamento.
As vantagens do método de irrigação por aspersão é que se adapta a diferentes solos e topografia e tem menor custo de instalação que o sistema de gotejamento. Por outro lado, pode ter perda de água levada pelo vento. Também tem alta evaporação em dias úmidos e quentes.
A principal vantagem do sistema de irrigação por gotejamento é que possibilita a aplicação de fertilizantes e defensivos agrícolas com mais eficiência. Direto ao ponto. Favorece o aumento da produtividade e diminui doenças.
Dicas para uma irrigação bem feita
Independente do método escolhido, fique de olho nessa dica: intensifique a irrigação da alface na formação da cabeça e antes da colheita. Esses são os períodos de consumo máximo da alface e a falta de água nesses momentos pode afetar grandemente a produção.
Produtor, cuide da manutenção do seu sistema de irrigação. Em sistema de irrigação por aspersão, faça vistorias frequentes, eliminando os vazamentos das conexões. Isso ajuda a aumentar a eficiência da irrigação e reduz os gastos com água e energia elétrica.
Se você tem o sistema de irrigação por gotejamento, evite o entupimento instalando uma válvula de final de linha. Outra maneira de evitar o entupimento é escolhendo o fertilizante mais adequado para a alface.
Fertilizante no cultivo de alface
A alface é uma planta exigente em nutrientes. E quando há diminuição de nutrientes, há diminuição direta na produtividade. Com deficiência de minerais, os pés de alface apresentam cor e crescimento anormais, queimas e distorções.
Portanto, a escolha do melhor fertilizante vai garantir produtos de qualidade excepcional, gerando economia e alta lucratividade.
Como fazer a fertilização
A fertilização pode ser feita via solo, também chamada de adubação de cobertura, ou via água, conhecida como fertirrigação. Essa técnica de utilizar a irrigação para aplicar o fertilizante diluído na água é a maneira mais eficiente de obter excelentes resultados.
Mas independente da técnica que você utiliza, a fertilização é sua aliada na produção de alfaces selecionadas.
E aqui vai uma dica especial: utilize fertilizantes à base de nitrogênio 15 dias após o pegamento das mudas e repita à operação a cada quinze dias. Essa medida vai fazer com que a quantidade de nitrogênio do solo fique sempre adequada. A deficiência de nitrogênio é uma das causas mais importantes da perda de produtividade.
Outra dica importante é o uso de fertilizantes à base de cálcio na adubação foliar. O uso desse tipo de fertilizante previne a queima das bordas das folhas mais novas, o chamado tip burn. Geralmente a deficiência de cálcio ocorre em períodos do ano de altas temperaturas, com o rápido crescimento das plantas.
Escolha o defensivo agrícola adequado
Se você deseja ficar livre de pragas e doenças, vai precisar de um defensivo agrícola de qualidade.
Como o próprio nome diz, defensivo agrícola é o produto responsável por defender a sua lavoura, protegendo-a de fungos, insetos, ácaros, nematóides e plantas daninhas, que comprometem a produtividade.
Segundo a ANDEF (Associação Nacional de Defesa Vegetal), defensivos agrícolas garantem ganhos de até 40% na produtividade.
Defensivos agrícolas são como medicamentos, criados para curar as plantas de tudo aquilo que ameaça a saúde delas. O uso sustentável dos defensivos, integrado a técnicas e boas práticas agrícolas, garante a colheita de excelentes produtos e excelentes negócios.
No cultivo da alface, todos os tipos de defensivos agrícolas são importantes, com destaque para os fungicidas, pois os fungos são os responsáveis pela maioria das doenças da alface. Também são importantes os inseticidas, para combater pragas, especialmente pulgões e tripes.
O segredo é o uso orientado desses produtos, com análise focada em suas necessidades. Clique aqui para receber uma orientação especializada.
Doenças que impactam a produtividade
O controle de doenças em alface pode ser feito com medidas simples. — Foto: reprodução/ HF Brasil
As doenças da alface estão tirando o seu sono? Calma que tem jeito! Saiba agora como combater as principais doenças da alface e evitar impactos em sua produtividade.
Como diz o ditado, melhor prevenir do que remediar. Já vimos que manter a higiene na propriedade evita a proliferação de bactérias causadoras de doenças nas hortaliças. Reveja com detalhes em dicas de higiene na propriedade.
O manejo adequado ajuda e muito a prevenir doenças na alface. Veja as medidas de controle ideais para cada tipo de doença:
Leia também: Doenças da alface: como fazer o controle.
Mofo branco
O mofo branco é uma das principais doenças da alface. — Foto: Instituto Biológico de São Paulo
O mofo branco ou podridão de esclerotínia é uma doença causada por fungos (escleródios). Ela aparece nas plantas adultas, perto do ponto de colheita.
Os primeiros sintomas aparecem nas folhas mais velhas, por estarem em contato com o solo. Elas ficam murchas e podres, recobertas por pontos pretos e micélios brancos. A doença se alastra para as folhas internas e faz a alface murchar por inteiro.
Manejo no combate do mofo branco na alface
A proliferação do mofo branco na alface se dá por conta da alta umidade. Portanto, faça o controle da irrigação, evitando o acúmulo de água no solo. Em períodos frios e chuvosos, plante em espaçamento maior, permitindo melhor ventilação entre as plantas.
Lembra que falamos sobre a importância de conhecer o solo antes do plantio? Prevenir o mofo branco é um dos motivos para isso. Não plante em solo onde tenha ocorrido a doença em anos anteriores. Relembre as dicas em cuidados com o local de cultivo.
Se o solo estiver infestado, faça a rotação de cultura por pelo menos três anos, preferencialmente com gramíneas.
Utilize fungicidas preventivamente nas alfaces jovens, poucos dias após o transplantio.
Nesse caso, uma excelente opção é o uso de fungicidas naturais. Clique aqui e receba uma receita gratuita.
Mancha bacteriana
Mancha bacteriana na alface americana. — Foto: Aílton Reis / Embrapa
A mancha bacteriana é causada pela bactéria Xanthomonas campestris pv. Vitians. Essa bactéria penetra a alface por aberturas naturais da planta.
Os primeiros sintomas podem ser notados nas folhas baixeiras, que apresentam pequenas manchas angulares. Essas manchas aumentam de tamanho e escurecem, tomando o formato da letra “V”.
Acabe com a mancha bacteriana na alface
A proliferação da mancha bacteriana na alface se dá por conta da altíssima umidade (acima de 90%), provocada por neblina, irrigação por aspersão ou chuva.
Sendo assim, é necessário um cuidado redobrado com a irrigação e com o período chuvoso. No verão, plante as alfaces com espaçamento maior.
Utilize sementes de boa procedência, pois elas são o principal meio de disseminação da mancha bacteriana.
Enterre ou retire da horta as folhas atacadas pela doença. Elas também são um meio muito perigoso de disseminação.
Faça rotação de culturas por pelo menos um ano.
Use fungicidas cúpricos (com presença de cobre) para a alface. Eles são efetivos na prevenção da mancha bacteriana.
Míldio
O míldio pode prejudicar até 80% da produção de alface. — Foto: Instituto Biológico de São Paulo
A principal doença da alface é o míldio, provocado por fungos. O míldio aparece tanto em campo como em cultivo protegido, inclusive na hidroponia.
A presença do míldio é notada por manchas verde-claras ou amareladas nas folhas da alface. As manchas são de tamanhos diversos e delimitam-se pelas nervuras.
É mais fácil identificar as manchas do míldio na parte de baixo das folhas da alface, onde se consegue observar a esporulação do fungo, que se apresenta como pontinhos brancos muito juntos.
Como combater o míldio na alface
A disseminação do míldio se dá pelas sementes infectadas, solo infectado, restos de plantas do cultivo anterior e estruturas do fungo carregado pelo vento, ou seja, o míldio é uma doença muito contagiosa e raramente encontramos cultivares de alface resistentes ao fungo.
Portanto, todo o cuidado é pouco! Para acabar com o míldio da alface, é preciso uma atenção especial a cada etapa do manejo: obtenção de sementes, formação de mudas, transplantio e, principalmente, irrigação.
Para prevenir o míldio da alface, pulverize com fungicidas de qualidade. Além disso, faça rotação de culturas por pelo menos dois anos com gramíneas.
Uma forma poderosa de combate ao míldio é o uso de defensivos naturais. Clique aqui para receber uma receita gratuita.
Septoriose
O controle da umidade é crucial no combate à septoriose. — Foto: Ricardo B. Pereira/ Embrapa
A septoriose também é uma doença causada por fungos. Os sintomas apresentam-se primeiramente nas folhas mais velhas da alface, com lesões marrom-claras, que podem se unir, secando e destruindo a saia da planta.
O perigo mora bem no meio das lesões da septoriose, onde há pequenos pontos pretos (picnídeos) que indicam a concentração de esporos que se espalham para outras folhas e outras plantas pelo vento. As sementes também são importantes meios de disseminação.
Como eliminar a septoriose na alface
A septoriose se prolifera em ambientes com alta umidade associada a temperaturas entre 20 a 25°C. Como em toda doença causada por fungos, é preciso medir esforços no controle da irrigação e ventilação entre os pés de alface.
Obtenha sementes certificadas e dê preferência a cultivares resistente à septoriose.
Adube adequadamente, evitando o excesso de nitrogênio. Use fungicidas de qualidade.
Faça rotação de culturas por pelo menos um ano com espécie de Asteraceae. Exemplo: calêndula, crisântemo, dália, girassol.
Queima da saia
A queima da saia é uma doença preocupante e pode ocorrer em qualquer época do ano. — Foto: Scientia Agraria
A queima da saia ou rizoctoniose é causada por um fungo do solo. Os sintomas são percebido nas folhas mais velhas justamente por estarem em contato com o solo.
No ínicio da doença, aparecem pequenos pontos marrrom-claros nas nervuras das folhas. Esses pontos aumentam de tamanho, escurecem e tomam toda a lâmina da folha, que fica com aspecto de queimada.
O que fazer para controlar a queima da saia na alface
As condições favoráveis à queima da saia são alta umidade, temperatura de 15 a 25°, solos mal drenados e contaminados. O manejo no controle da queima da saia é muito parecido com o do míldio, com atenção especial ao solo.
Adote canteiros altos quando o plantio ocorrer em períodos chuvosos.
Para prevenir a queima da saia na alface, utilize fungicidas de qualidade e faça a rotação de culturas por pelo menos um ano com gramíneas.
Mosaico da alface
Planta com sintomas do mosaico da alface. — Foto: Mirtes Freitas Lima/ Embrapa
O mosaico da alface é a principal virose da alface. O vírus (Lettuce mosaic virus) é transmitido por várias espécies de pulgões.
Se a semente estiver infectada, o sintoma principal é o mosaico, acompanhado de distorção e amarelamento das folhas. Os pés de alface não se desenvolvem, causando grande prejuízo, já que ficam fora do padrão comercial.
Se a infecção for tardia, o sintoma é um mosaico leve, visível somente nas folhas novas.
Faça o controle do mosaico da alface
O vírus do mosaico tem uma característica assustadora: tem mais de cem espécies de plantas hospedeiras. Além disso, a disseminação do mosaico se dá por meio de sementes, chegando a longas distâncias.
Já deu para perceber a importância do manejo no controle do mosaico da alface, certo? Portanto, plante cultivares que tenham resistência ao vírus, tomando todo o cuidado na hora de escolher as sementes.
Proteja as mudas de pulgões na fase de sementeira. Não faça o transplantio de mudas ao lado de canteiros mais velhos de alface.
Elimine plantas daninhas, plantas ornamentais e campos de alface abandonados ao redor da sementeira e do campo de produção, pois elas podem conter os vetores do mosaico.
Vira-cabeça
Vira-cabeça na alface crespa. — Foto: Mirtes Freitas Lima/ Embrapa
Vira-cabeça é uma doença causada por várias espécies de virus do gênero Tospovirus, transmitidos por tripes.
Os sintomas do vira-cabeça são pequenas lesões marrom-claras que aparecem primeiramente nas folhas mais novas. Essas lesões escurecem e as folhas ficam com aspecto de renda.
Geralmente, os sintomas ficam restritos a um só lado da planta, provocando malformação da cabeça.
O combate à doença vira-cabeça se dá principalmente no manejo de controle de tripes. Saiba como eliminar tripes.
Acabe com as pragas da alface
As pragas da alface estão te dando dor de cabeça? Elas afetam a produtividade e causam grandes prejuízos na agricultura brasileira. Mas com monitoramento diário é possível combatê-las.
Manejo no controle das pragas da alface
As principais pragas da alface são pulgões e tripes. Veja como acabar com o prejuízo que elas podem trazer:
Pulgões
Pulgões são insetos de cor preta, marrom ou verde em formato de pera. As condições para o aparecimento de pulgões são altas temperaturas associadas a pouca chuva.
Os danos causados por pulgões na alface são o definhamento de mudas e de plantas jovens. Eles sugam a seiva e injetam toxinas nas plantas.
Pulgões são potentes transmissores de vírus. A principal doença transmitida por eles é o mosaico da alface. Veja como combater o mosaico da alface.
Mantenha a horta livre de pulgões
Está em busca de como fazer o controle de pulgões na horta? Além de defensivos agrícolas de qualidade, medidas simples e caseiras podem salvar sua propriedade desses temidos insetos. Veja esta receita para eliminar pulgões com folhas de arruda:
Ingredientes:
- 3 litros de água
- 250 g de folhas de arruda
Modo de preparo:
Ferva 1 litro de água com 250g de folhas de arruda.
Deixe cozinhar até o líquido reduzir pela metade (500 ml).
Em seguida, filtre e dilua em dois litros de água para pulverizar.
(Fonte: Embrapa)
Tripes
Tripes são insetos alongados, com quatro asas estreitas e franjadas. São pretos, marrom-escuros ou amarelos, mas você não consegue perceber essas características com facilidade. Isso porque são extremamente pequenos: os adultos medem de 1 a 1,5 milímetros!
Muitas vezes, a presença de tripes só é notada quando já estão causando bastante estrago. Eles perfuram as folhas de alface e sugam o conteúdo das células. Isso deixa manchas esbranquiçadas ou prateadas nas folhas, com pontos pretos no centro delas. Em infestações graves de tripes, a alface fica toda amarelada.
Assim como os pulgões, os tripes também transmitem virus, como os causadores da doença vira-cabeça.
Monitoramento de tripes
Para o efetivo controle de tripes, é necessário efetuar o tratamento com inseticidas. Mas algumas medidas simples também contribuem para assegurar a lucratividade na sua produção.
Veja dicas importantes para utilizar armadilhas no monitoramento de tripes na horta:
- Corte pedaços de 12cm x 12cm de cartolina, lona, plástico ou etiquetas, sempre nas cores azul e/ou amarela;
- Unte com óleo (de cárter ou de câmbio SAR 120) ou cola entomológica (Stik®);
- Coloque as armadilhas entre as fileiras de plantio e nas bordaduras da lavoura, fixando-as em estacas;
- Instale pelo menos 20 armadilhas ao longo de toda a bordadura, sendo que o ponto de instalação deve ser de 1m para dentro do cultivo.
Com essa técnica, você vai capturar insetos adultos. Dessa forma, será capaz de monitorar o vôo deles, detectar o momento de sua entrada na horta e também identificar os focos de infestação inicial.
Saiba mais em: Armadilhas para insetos: aprenda como fazer.
Os defensivos agrícolas naturais também são eficazes no combate a tripes. Clique aqui para receber uma receita gratuita.
Quer saber mais? Aprenda como eliminar todas as pragas da alface.
Doenças da alface: como fazer o controle.
Está pensando em produzir alface hidropônica? Veja como em: Hidroponia: saiba tudo sobre a técnica.
Gostou dessas dicas? Então continue nos acompanhando. Bons lucros e até a próxima!
Referências
Alface. Coleção passo a passo. Série agricultura familiar. SEBRAE.
Algumas alternativas de controle de pragas de hortaliças: pulgões e lagartas. Embrapa Hortaliças. Manaus, 2004.
Defensivos Agrícolas. HF Brasil.
Doença vira-cabeça em alface: sintomatologia, transmissão, epidemiologiae medidas de controle. Embrapa. Circular Técnica 153. Brasília, 2016.
Doenças da alface. Embrapa Hortaliças. Brasília, 2010.
Guia para identificação de pragas da alface. Embrapa Hortaliças. Brasília, 2020.
Guia para o manejo de pulgões e viroses associadas na cultura da alface. Embrapa. Comunicado Técnico 120. Brasília, 2019.
Manual de boas práticas agrícolas na produção de alface. Embrapa Hortaliças. Brasília, 2014.
Métodos de irrigação em hortaliças. SEBRAE.
RESENDE, Geraldo Milanez et al. Alface: qual cultivar? Embrapa Semiárido.
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