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Cochonilhas: saiba tudo para combatê-las


Se você veio até aqui para saber como acabar de vez com as cochonilhas, você está no lugar certo.

Mas antes de sair logo querendo uma maneira rápida e agressiva para eliminá-las, saiba que  a verdade é que elas são parte da natureza. Tudo aí na sua grande lavoura ou no seu pequeno vaso está junto e misturado. 

Portanto, vale a pena conhecer a fundo os motivos de as cochonilhas estarem te perturbando e também adotar maneiras sustentáveis de combatê-las, como o uso de receitas caseiras como esta que você já pode receber grátis clicando aqui.

Tudo para que você não dê um tiro no pé, ou seja, para que, na tentativa de atingir as cochonilhas, você não acabe por danificar ainda mais as suas plantas e também a sua saúde.

Sendo assim, conheça tudinho sobre as cochonilhas navegando pelo nosso conteúdo:

Como identificar as cochonilhas

Tipos de cochonilhas

Diferença entre cochonilhas e pulgões

O que atrai as cochonilhas

Principais culturas afetadas

Danos causados por cochonilhas

Armadilhas para cochonilhas

Controle biológico

Catação manual

Retirada dos ramos infestados

Restrição na área de cultivo

Cultivo de plantas repelentes

Eliminação das plantas daninhas

Métodos de controle para a cochonilha das raízes

Uso de receitas caseiras

Importância da adubação

como eliminar cochonilhas
Cochonilhas: saiba tudo para combatê-las. — Foto: Istock

Como identificar as cochonilhas

Se tem uma característica que define as cochonilhas é que elas geralmente não têm asas. Somente alguns machos são alados.

De resto, existem cochonilhas de diversas espécies. Conheça os detalhes dos principais tipos.

Mas, antes, conheça o nosso Projeto Semente Viva e receba sementes grátis. Clique aqui e saiba mais.

Tipos de cochonilhas

Os principais grupos de cochonilhas são:

Cochonilhas de carapaça

As cochonilhas de carapaça ou de escamas geralmente ficam fixas na planta e se parecem com escamas, verrugas, vírgulas ou cabeças de prego.

Por isso, alguns nomes populares, como: Pardinha (Selenaspidus articulatus),  Parlatória (Parlatoria spp.),  Cabeça de Prego (Chrysomphalus ficus) e Escama-Vírgula, (Mytilococcus beckii), Escama-Farinha (Unaspis citri), Verde (Coccus viridis; Coccus hesperidium) e Parda (Selenaspidus oleae).

Dê uma olhadinha nas fotos para verificar:

cochonilha do tronco
Tronco com cochonilhas com uma carapaça. — Foto: João Dimas Garcia Maia/ Embrapa

Cochonilha ortézia

A cochonilha ortézia (Orthezia praelonga) tem um corpo alongado branco. Na cabeça delas, há duas faixas escuras e, na parte final do corpo, um saco cheio de ovos (ovisaco).

Cochonilha branca

A cochonilha branca (Phenococcus sp., Planococcus sp. e Pseudococcus sp.), cochonilha algodonosa ou cochonilha farinhenta é assim chamada por causa da cera pulverulenta (parecendo pó) que recobre o corpo dos insetos, dando um aspecto de algodão.

cochonilha branca
Cochonilha-branca em pessegueiro. — Foto: Dori Edson Nava/ Embrapa

Cochonilha das raízes

A cochonilha das raízes, como a pérola da terra (Eurhizococcus brasiliensis), é uma cochonilha subterrânea que ataca as raízes de plantas cultivadas e silvestres, tem forma oval-arredondada e cor amarelada, desenvolvendo-se fixada à raiz. 

Diferença entre cochonilhas e pulgões

Uma dúvida muito comum na hora de identificar os bichinhos que estão detonando as plantas é saber se se trata de cochonilhas ou de pulgões.

Mesmo porque os pulgões também costumam aparecer com frequência em qualquer cantinho que tenha plantas.

Na verdade, eles têm características bem diferentes entre si, mas, devido ao seu tamanho reduzido e por viverem em colônias (bem pertinhos uns dos outros), é bem possível que a dificuldade de identificação ocorra a olho nu.

Primeiro, é importante saber que existem diferentes tipos de pulgões, embora com aspectos parecidos. A cor deles varia, dependendo da espécie: pode ser verde, amarelada, rosada, avermelhada, roxa ou preta.

Há pulgões sem asas (ápteros) e outros alados. Já as ninfas (fase mais jovem, imatura) são menores e não têm asas.

Dê uma olhada nas fotos para conferir esses detalhes:

pulgões na canola
Infestação de pulgões em pé de canola. — Foto: Ferreira, Paulo Ernani Peres/ Embrapa
pulgão preto dos cereais
Pulgão preto dos cereais. — Foto: Lau, Douglas/ Embrapa
pulgão pé de pitaya
Ataque de pulgões em botão floral de pitaya. — Foto: Alessandro Borini Lone/ Epagri

Mas a dica de ouro para não errar é muito simples. Anote aí:

Enquanto as cochonilhas gostam das partes mais duras das plantas (como caules) e se estabelecem na parte de baixo delas, os pulgões preferem as folhas e estruturas mais tenras, permanecendo na parte mais visível delas.

Se os dois são motivos de preocupação para você, clique aqui e receba grátis uma receita de defensivo natural que serve tanto para pulgões quanto para cochonilhas.

O que atrai as cochonilhas

Agora que você já conhece o aspecto das variadas espécies de cochonilhas, pode estar se perguntando o que faz eles estarem por aí, tirando o seu sono.

As cochonilhas são insetos sugadores e, por esse motivo, não é difícil imaginar que o que os faz estarem presentes é o simples fato de existirem plantas.

Mas saiba que algumas condições climáticas  favorecem o seu aparecimento. São elas: altas temperaturas associadas a pouca chuva. 

Essas condições, por sua vez, fazem com que haja a deficiência de cálcio, deixando as partes “duras” das plantas, como caules e nervuras, mais frágeis e moles, suscetíveis ao ataque das cochonilhas.

Por isso, o desequilíbrio de nutrientes no solo é um fator decisivo para o estabelecimento das cochonilhas nas suas plantas, pois elas ficam menos resistentes.

Falamos em desequilíbrio porque o excesso de nitrogênio também é motivo para atrair esses insetos. Tá sobrando? Então eles vão lá para se aproveitar.

Por fim, citamos como fator de atração das cochonilhas a monocultura. Ou seja, a falta de diversidade na sua horta ou jardim por si só podem ser a causa do aparecimento desses bichinhos por aí.

Principais culturas afetadas

O número de espécies de plantas afetadas é imenso. As cochonilhas atacam hortaliças, frutíferas, citros, leguminosas, forrageiras, plantas ornamentais, ervas medicinais, entre outras.

Como exemplos, podemos citar:  abacate, abacaxi, acerola, algodão, batata, batata-doce, berinjela, cana-de-açúcar, cacau, cacto, café, cana-de-açúcar, chuchu, figo, fruta do conde, fumo, goiaba, maçã, mandioca, manga, palma forrageira, pêssego, pimentão, suculentas, uva, entre outros.

Danos causados por cochonilhas

Os danos causados pelas cochonilhas são muitos e podem se tornar seriamente graves, levando as plantas à morte.

Seja em campo aberto ou em ambiente protegido, esses insetos danificam as plantas, tanto de forma direta quanto indiretamente. Entenda melhor:

Danos diretos

Como vimos, as cochonilhas atacam diversas culturas.

Mas os danos provocados são sempre muito similares. Por sua característica sugadora, as cochonilhas-brancas danificam principalmente as nervuras e estruturas mais duras da planta e injetam substâncias tóxicas nelas, devastando completamente a planta.

No caso da cochonilha das raízes, a sucção da seiva efetuada pelo inseto nas raízes provoca um definhamento progressivo, com redução da produção e morte da planta. 

Então como descobrir logo a presença das cochonilhas da raízes para evitar a progressão? Fique atento: as folhas das plantas infestadas ficam com as bordas amareladas e necrosadas. 

A boa notícia é que plantas adultas resistem mais à infestação da cochonilha, por possuírem sistema radicular mais desenvolvido.

Portanto, o cuidado maior deve estar nos viveiros, pois a cochonilha das raízes ataca mais frequentemente as mudas.

Já as cochonilhas que atacam a parte aérea da planta deixam uma substância açucarada nelas (honeydew), o que facilita a formação de fumagina (fungos que ficam parecendo pontos pretos)  em folhas e frutos . E, como se não bastasse, esse “açúcar” também atrai formigas.

Danos indiretos

Além dos danos causados pela sucção da seiva das plantas, as cochonilhas também transmitem uma infinidade de vírus.

Um exemplo é o vírus Pineapple mealybug wilt-associated virus, PMWaV,  transmitido pela chamada cochonilha pulverulenta do abacaxi, que causa a murcha-do-abacaxizeiro, doença importante da cultura.

Essa doença pode provocar danos que matam a planta antes de produzir frutos ou impedem uma frutificação normal, diminuindo o número de frutos. 

cochonilhas murcha do abacaxizeiro
Murcha do abacaxizeiro é causada por vírus transmitido por cochonilhas. — Foto: Junghans, Davi Theodoro/ Embrapa

Outros exemplos são:

  • Doença intumescimento dos ramos (“Corky bark”), associada ao Grapevine virus B (GVB) e acanaladura do lenho de Kober (“Kober stem grooving”), associada ao Grapevine virus A (GVA), doenças importantes na cultura da videira;
  • Doença tristeza dos citros (também transmitidas por pulgões), doença muito importante da citricultura.

Armadilhas para cochonilhas

Além das inspeções manuais nas plantas, há uma maneira simples e eficiente de capturar cochonilhas (principalmente as cochonilhas brancas) para monitorá-las. 

Portanto, faça um print dessa tela para não perder o passo a passo de uma armadilha para lá de fácil, muito eficiente em videiras, por exemplo:

Materiais:
  • Papel corrugado
  • Arame
Modo de fazer:

Providencie uma folha de papel corrugado, que é um papel enrugadinho e grosso, semelhante ao tronco, estrutura que a cochonilha branca coloca os seus ovos.

Depois basta revestir uma parte do tronco da planta com este papel, com o lado rugoso voltado para a planta, finalizando com um arame.

Dessa forma, a fêmea descerá até o tronco e colocará os ovos na armadilha, que deve ser trocada quinzenalmente.

Controle biológico

E agora? Você já fez as armadilhas, instalou aí na área de cultivo e capturou mais insetos do que gostaria. 

As plantas já estão danificadas e você só pensa em acabar logo com isso, não é mesmo? 

Pois saiba que a nossa dica neste momento é: tenha cautela. Não apele logo para produtos que podem ferir a sua saúde e afetar as suas plantas de forma mais drástica.

Há maneiras orgânicas e eficientes para o controle desses insetos, em medidas que integram o controle biológico.

Isso quer dizer que você pode controlar cochonilhas e outras pragas por meio de seus inimigos naturais, que são outros insetos predadores e/ou parasitoides, além de microorganismos, como fungos.

Sendo assim, veja agora alguns predadores naturais de cochonilhas:

Crisopídeos ou bichos lixeiros

Os crisopídeos, popularmente conhecidos como bichos lixeiros, são importantes predadores, não só de cochonilhas, mas também de pequenas lagartas, ácaros, pulgões, afídeos, mosca branca, entre outros.

Então bora saber como identificar esses insetos que são nossos verdadeiros aliados. Aqui vamos destacar duas fases para que você possa identificá-las: a fase larval e a fase adulta.

Fase larval

Na fase larval, o crisopídeo mede de 6 a 12 mm e tem o corpo alongado, marrom, com aspecto bem parecido com o de um jacaré.

São chamados de larvas lixeiras quando carregam sobre o corpo um amontoado de pequenas partículas que os escondem dos seus predadores.

É nessa fase que os bichos lixeiros devoram as pragas, atuando como inimigos naturais.

larva bicho lixeiro
A larva lixeira se alimenta de cochonilhas. — Foto: Guilherme Leonardi Garcia/ Embrapa

Fase adulta

Na fase adulta, os crisopídeos são totalmente verdes e assumem um aspecto bem delicado.

Suas asas são delicadas e claras, com presença de veias e margens também verdes.

bicho licheiro controle biológico
Adulto de crisopídeos, popularmente conhecidos como bichos lixeiros. — Foto: Nátia Élen Auras/ Embrapa

Joaninhas

As joaninhas não são só bonitinhas. Elas são consideradas símbolos de sorte e felicidade em algumas culturas. E concordamos, pois elas são importantes inimigos naturais das cochonilhas.

Para você ter uma ideia, uma joaninha é capaz de devorar cerca de 5 mil insetos durante sua vida. 

E elas também adoram se alimentar de pulgões, ácaros, moscas brancas, entre outros tipos de insetos.

Então não há dúvidas de que é preciso preservar as joaninhas aí na sua área de cultivo, certo? 

Por isso, saiba que elas têm diferentes fases em sua vida: ovo, larva, pupa e adulto. Aqui vamos destacar duas fases para que você possa identificá-las: a fase larval e a fase adulta.

Fase larval

Sobretudo a fase larval é muito importante conhecer para que esse importante aliado no cultivo de plantas não seja confundido com uma praga.

Até mesmo porque as larvas são eficientes devoradoras de cochonilhas.

Nessa fase, a joaninha não se parece nada com aquele formato clássico de desenho infantil.

Seu aspecto está mais para jacaré, com pernas longas e tamanho que varia entre 2-12 milímetro, dependendo da espécie.

Se você observar o seu jardim, vai encontrar larvas escuras, com ou sem manchas brancas ou amarelas, pois essas características são as mais comuns.

Mas algumas delas são cobertas com uma substância branca, parecendo algodão. Observe bem as fotos abaixo para não confundi-las com as cochonilhas-brancas, que também têm esse aspecto.

joaninha larva
Larva de joaninha atacando pulgões. — Foto: Silva, Alessandra de Carvalho/ Embrapa
larva de joaninha
Larva de joaninha em tamanho aproximado. — Foto: Halina Schultz/ Embrapa

Fase adulta

As joaninhas da fase adulta tomam aquele jeito conhecido de besourinho, medindo menos que as larvas, cerca de apenas 1-10 mm.

Só que, se você já parou para notar, vai saber que não existem apenas joaninhas vermelhinhas com pintinhas pretas, não.

Há também as de cor preta, bege e laranjas, mas sempre com manchas ou pintas contrastantes sobre as asas. Veja só:

joaninha vermelha controle biológico
Joaninha vermelha com manchas pretas. — Foto: Fátima Zeni do Sacramento/ Embrapa
controle biológico joaninha
Esta joaninha tem cor e formato mais conhecido. — Foto: Guilherme Leonardi Garcia/ Embrapa
joaninha laranja
Joaninha alaranjada. — Foto: Alessandra de Carvalho Silva/ Embrapa
joaninha bege
Tipo de joaninha bege. — Foto: Alessandra de Carvalho Silva/ Embrapa

Plantas atrativas

Além de insetos, as joaninhas também se alimentam de pólen. 

Portanto, cultive flores juntinho à sua horta e/ou ao seu pomar para garantir a presença dessas nossas verdadeiras amigas naturais.

Elas apreciam o néctar das flores de algumas espécies, como :

  • Álisso (flor de mel);
  • Coentro;
  • Cenoura;
  • Endro;
  • Picão;
  • Salsa;
  • Tagetes (cravos de defunto);
  • Zínias (capitães, viúvas-regateiras ou beneditas).

Moscas sirfídeos

As moscas sirfídeos, também chamadas de moscas-das-flores, moscas-lambe-olhos, mindinhos do milho e moscas lambe-lambe também são muito importantes no controle biológico de cochonilhas.

A suas larvas é que se alimentam vorazmente desses insetos (cerca de 1000 antes de virar pupa), além de atacarem pulgões que estiverem dando sopa por aí.

Por isso, conheça bem as suas fases de desenvolvimento, para que você não as confunda com pragas.

Fase larval e pupal

As larvas das moscas sirfídeos medem de 8 a 15 mm e não possuem pernas. 

Seu aspecto é muito parecido com o de vermes, possuindo um corpo gelatinoso de cor verde-clara ou amarelo-clara.

Já as pupas são semelhantes a uma gota, com a extremidade bastante fina.

Fase adulta

Os adultos das moscas sirfídeos medem de 6 a 18 mm e variam muito, conforme a espécie.

Sendo assim, você vai notar a presença de moscas parecidas com abelhas, com vespas e com moscas varejeiras. 

Mas uma característica comum e bem marcante é que elas possuem apenas duas asas.

Há dois hábitos comuns dessas amigas da plantação que podem ajudar na sua identificação. 

Um deles é que elas costumam fixar-se em um ponto durante o voo, dando a impressão de estarem paradas no ar.

E o outro é que elas também costumam pousar na nossa pele, em busca de sugar os minerais presentes no suor (daí o nome moscas lambe-lambe).

mosca sirfideo
Mosca sirfídeo em sua fase larval e adulta. — Fotos: Alessandra de Carvalho Silva/ Embrapa

Plantas atrativas

Assim como as joaninhas, os adultos de moscas sirfídeos alimentam-se de pólen e néctar de flores.

Por isso, anote aqui algumas opções para você já ir semeando entre as suas plantas:

Sendo assim, ficou claro que a diversidade deve reinar na área de cultivo para que a própria natureza acabe por tornar tudo mais equilibrado, não é mesmo?

Considerando esta questão, preserve as matas nativas próximas à cultura, pois elas atuam como verdadeiras ilhas de reposição de inimigos naturais.

Vespinhas parasitoides

As vespinhas parasitoides têm uma maneira diferente de realizar o controle da cochonilha de carapaça (e de outros insetos também, como pulgões e lagartas).

Funciona assim: a fêmea deposita um ovo em cada cochonilha e, de cada ovo, nasce uma larva, que se alimenta do corpo da vítima.

Além de oferecer alimento para o inimigo natural, o corpo do hospedeiro (no caso, da cochonilha) oferece abrigo até que o parasitoide se torne um adulto. Quando adulto, o inimigo natural abandona o corpo do hospedeiro para acasalar, buscar alimento nas plantas (néctar) e outros hospedeiros para as novas fêmeas colocarem os seus ovos.

Considerando este modus operandi, já dá para perceber que essas vespas são minúsculas, não é?

Mesmo assim, vale a pena conhecer as suas características. Portanto, saiba que as vespinhas deste tipo medem cerca de 0,6 mm.

A fêmea (mais comum de ser encontrada que o macho) possui coloração marrom-escura na cabeça, tórax preto e lados amarelos com abdome de cor amarelo–brilhante. 

Além disso, possui antenas marrom-claras, as asas transparentes (hialinas), cobertas regularmente por pelos curtos e franjas com pelos longos.

Mas, para notar a presença das vespinhas, o que você vai ver mais facilmente são as múmias das cochonilhas parasitadas.

vespa parasitoide
Aspecto de uma vespinha parasitoide. — Foto: Livia Bishof Pian/ Embrapa

Fungos entomopatogênicos

Outra alternativa para o controle biológico de cochonilhas, como a cochonilha ortézia, é o uso de inseticida biológico à base de fungos entomopatogênicos, como Beauveria bassiana, B. brongniartii, Metarhizium anisopliae, Colletotrichum gloeosporioides, C. cladosporioides, Fusarium sp. e Verticillium lecanii.

Esse método é muito prático porque dispensa a coleta de insetos. O fungo age por contato e os insetos contaminados demoram de 7 a 10 dias para morrer após a aplicação do produto.

Além disso, depois de mais alguns dias, há o aparecimento da massa branca externa ao corpo do inseto, que espalha o fungo para insetos sadios.

Catação manual

Um método super simples para o controle de cochonilhas (e outros insetos sugadores) é a retirada de folhas e/ou das estruturas infestadas.

Para isso, utilize luvas e proceda ao esmagamento após a catação. 

Outra alternativa é usar uma escova de dentes, escovando-os para dentro de um recipiente, como um balde, por exemplo.

Depois é só colocar álcool no balde, para eliminá-las.

Quer uma maneira ainda mais simples? Às vezes, está tão fácil de tirar que você consegue eliminar as cochonilhas com um simples esguicho de água com o jato forte da mangueira.

Se o seu cultivo é pequeno, ou seja, se você tem poucas plantas aí no seu espaço, esse controle mecânico é absolutamente viável. 

Retirada dos ramos infestados

Outra forma de realizar o controle mecânico é a retirada de partes das plantas (geralmente ramos) infestadas por cochonilhas.

Se optar por este método, pode os ramos secos e os mais infestados.

Em seguida queime-os ou, de preferência, enterre-os.

Restrição na área de cultivo

Um método importante usado para evitar a dispersão da praga em lavouras é a restrição de pessoas e equipamentos na área infestada.

No caso de árvores frutíferas, como acerola e pêssego, lembre-se também de realizar a colheita das plantas infestadas por último, pelo mesmo motivo de evitar a disseminação das cochonilhas.

Cultivo de plantas repelentes

As plantas repelentes também são eficientes no controle das cochonilhas. Inclusive, funcionam como repelente natural de outros insetos sugadores adultos, como percevejo, mosca branca, cigarrinha, pulgões e tripes.

Por isso, vamos dizer logo quais as plantas que valem a pena ter por perto. Dê um print nesta lista:

  • Artemísia;
  • Arruda;
  • Calêndula;
  • Capuchinha;
  • Coentro;
  • Gerânio;
  • Hortelã;
  • Mastruz;
  • Tagetes.

Essas plantas liberam substâncias que repelem os insetos. Portanto, vale a pena plantá-las em volta da horta, seja dentro do canteiro, em fileiras, em covas alternadas ou até mesmo em vasos.

hortelã
A hortelã é uma planta repelente de cochonilhas. — Foto: Pixabay

Eliminação das plantas daninhas

Se cultivar plantas repelentes é um bom negócio, eliminar as plantas daninhas também é super válido na hora de proteger suas plantas das cochonilhas.

Então providencie a retirada das seguintes plantas hospedeiras de cochonilhas aí da sua área de cultivo:

  • Assa-peixe (Vernonia spp.)
  • Buva ou Voadeira (Conyza sp.);
  • Campim amargoso (Digitaria insularis (L.) Fedde);
  • Falsa serralha (Emilia sonchifolia);
  • Malícia (Mimosa pudica L.)
  • Picão-preto (Bidens pilosa);
  • Tiririca (Cyperus rotundus);
  • Trapoeraba (Commelina benghalensis L.).

Métodos de controle para a cochonilha das raízes

Os métodos até aqui apresentados não são suficientes para o controle das cochonilhas das raízes, sendo necessárias as seguintes medidas de prevenção e controle:

  • Não utilizar solo da área infestada para a produção de mudas;
  • Não plantar em áreas com histórico de ocorrência da praga; 
  • Fazer o revolvimento do solo, expondo os insetos aos raios solares; 
  • Realizar calagem profunda e adubação equilibrada; 
  • Em focos, isolar áreas infestadas, para evitar disseminação do inseto por ferramentas e implementos agrícolas; 
  • No caso de videiras e outras plantas propagadas por enxertia, usar porta-enxertos resistentes e/ou tolerantes.

Uso de receitas caseiras

Se for constatada a presença de cochonilhas na sua área de cultivo, medidas simples e caseiras podem salvar suas plantas desses temidos insetos. Veja esta receita para eliminar cochonilhas com sabão de coco:

Ingredientes:
  • 50g de sabão de coco em pó;
  • 5 litros de água.
Modo de fazer:

Primeiro, ferva os 5 litros de água. Em seguida, adicione o sabão de coco e misture bem. 

Por fim, espere a solução esfriar e aplique sobre as plantas atacadas.

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Calda de farinha de trigo

A calda de farinha de trigo também é uma receita eficiente no controle de cochonilhas. Veja como é simples:

Ingredientes
  • 20 g de farinha de trigo
  • 1 litro de água
Modo de preparo

Coloque a farinha de trigo aos poucos em um recipiente com 1 litro de água. Agite fortemente até a completa mistura dos ingredientes. Coe e pulverize nas plantas.

A calda de farinha vai matar as cochonilhas por asfixia. Com o passar do tempo, a calda seca ao sol, formando uma camada branca de pó que cobrirá os insetos. Depois, pela ação do vento, essa película vai sendo removida das folhas. 

Essa calda também funciona com pulgões e lagartas que ficam sobre as folhas.

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Como fazer calda agroecológica

Veja agora uma explicação detalhada de como fazer uma calda agroecológica, que é eficiente também no tratamento de pulgões, ácaros e mosca branca.

Ingredientes
  • ½ litro de óleo de cozinha (pode ser óleo usado, aquele de fritura mesmo)
  • ½ litro de detergente neutro
  • 1 litro de calda sulfocálcica
  • 2 colheres de sopa de sal
Modo de fazer

Utilize uma garrafa PET e um funil para misturar os ingredientes. Primeiro, coloque o óleo de cozinha, depois o detergente neutro e, em seguida, a calda sulfocálcica, que pode ser comprada pronta em casas de agricultura ou ainda feita de forma caseira (caso você deseje fazê-la, clique aqui).

Por último, adicione o sal de cozinha. Agite fortemente para misturar bem e diluir principalmente o sal. Vai ficar uma mistura bem alaranjada. 

Como usar a calda agroecológica

Dilua a calda em uma proporção de 2%. Por exemplo, para 20 litros de água, utilize 400 ml de calda agroecológica. Depois pulverize sobre as plantas. 

Quer saber como a calda age? Ela vai fazer com que os insetos fiquem grudados na mistura e depois causar a desidratação das cochonilhas, por causa do enxofre e do sal. Essa calda também pode ser usada para o controle de ácaros, pulgões e mosca branca.

E atenção para a dica valiosa: utilize extrato de folha de mamona no lugar da água para fazer a diluição da calda agroecológica. Isso vai potencializar a ação do defensivo natural.

Não sabe como fazer o extrato de folha de mamona? Veja os detalhes abaixo:

Como fazer extrato de mamona

O extrato de mamona também é eficiente para o controle de formigas cortadeiras e de doenças fúngicas. Veja como é simples preparar:

Ingredientes
  • 4 folha de mamona
  • 1 litro de água
Modo de fazer

Coloque um litro de água dentro de um balde ou de um galão e adicione as quatro folhas de mamona. Depois macere as folhas com a ajuda de um cabo de madeira e deixe a mistura descansar protegida da luz por 24 horas. Está pronto!

Importância da adubação

Já estamos no final, mas nós não íamos deixar você ir embora daqui sem a dica principal para o controle de cochonilhas, melhor dizendo, para o cultivo de plantas. 

E a dica é: FAÇA UMA ADUBAÇÃO EQUILIBRADA.

Pois é. É sempre melhor prevenir do que remediar. Simples assim.

Como nós, as plantas são organismos vivos e precisam estar bem alimentados para enfrentar os desafios do meio em que vivem.

Portanto, guarde sempre com você: PLANTA BEM NUTRIDA É MUITO MAIS RESISTENTE

Isso quer dizer que, com os minerais em dia, ela continua se desenvolvendo, ainda que haja ataque de pragas, aparecimento de doenças e mudanças climáticas.

Já vimos aqui que as cochonilhas atacam plantas deficitárias em cálcio, portanto, uma boa opção é utilizar cascas de ovos trituradas nos pés das suas plantas.

Mas o fato é que vale a pena se dedicar a fazer uma boa preparação do solo antes do plantio e, sobretudo, continuar fornecendo nutrientes com adubações de cobertura de qualidade.

Sendo assim, indicamos um bioestimulante enraizador (clique aqui e conheça o nosso SV Colecta) durante esse processo. Ele faz com que as plantas criem raízes mais fortes, fiquem mais verdes e produzam frutos mais doces.

Saiba como utilizar esse fertilizante de extrema qualidade nas suas plantas, de forma adaptada para a sua realidade. Clique aqui e conte com a nossa consultoria.

plantas pulgões cochonilhas
Planta bem nutrida é muito mais resistente ao ataque de cochonilhas. — Foto: Pixabay

As nossas dicas fizeram sentido para você? Ficou alguma dúvida? Clique aqui e receba uma consultoria gratuita, focada em suas reais necessidades. Vamos construir, juntos, uma agricultura de sucesso.

E continue nos acompanhando. Sucesso e até a próxima!

Veja também: 

Hidroponia: saiba tudo sobre a técnica

Pimenta habanero: como plantar

Referências

Bioecologia, Monitoramento e Controle de Cochonilhas Farinhentas (Hemiptera: Pseudococcidae) na Cultura da Videira. Circular Técnica 125. Embrapa Uva e Vinho. Bento Gonçalves, 2016.

Controle da cochonilha. Fichas agroecológicas. MAPA

Dica Técnica: Como fazer uma calda agroecológica. Emater MG.

Guia para o reconhecimento de inimigos naturais de pragas agrícolas. Embrapa Agrobiologia. Brasília, 2013.

Guia para reconhecimento dos principais insetos e ácaros praga e inimigos naturais em citros. Embrapa Mandioca e Fruticultura. Cruz das Almas, 2015

Levantamento de plantas daninhas hospedeiras alternativas da cochonilha (Dysmicoccus Brevipes) na cultura do abacaxi (Ananas Comosus) no noroeste do Estado do Paraná.  UEM. Maringá, 2021

Manejo e Controle da Cochonilha Ortézia (Orthezia praelonga), em Plantios Irrigados de Acerola, no Submédio São Francisco. Circular Técnica 83. Embrapa. Petrolina, 2007.

Manejo integrado de pragas em hortaliças. Embrapa Hortaliças

Manejo integrado de pragas. Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, 2010

Pragas dos citros: cochonilhas, pulgões, minador dos citros, cigarrinhas, bicho furão e mosca branca dos citros. Revista Agronomia Brasileira. UNESP

Predadores e parasitoides: aliados do produtor rural no processo de transição agroecológica. Projeto Biodiversidade e Transição Agroecológica de Agricultores Familiares. Emater – DF. Brasília, 2011.

Recomendações para o controle de pragas em hortas urbanas. Embrapa. Circular Técnica 80. Brasília, 2009.

Uva de mesa. Sistemas de produção Embrapa.